O jeito Harvard de ser feliz: as lentes da gratidão

“A minha experiência é o que concordo em dar atenção.” William James

Final de ano se aproximando e é muito comum fazermos uma pausa para uma retrospectiva de tudo o que nos aconteceu nos últimos trezentos e sessenta e poucos dias e também para fazermos aquela famosa listinha de promessas e resoluções para o ano seguinte… Vinha ensaiando e buscando o momento mais propício para o ritual, até que recebi um e-mail onde, no texto, citava a frase do Peter Drucker que diz “Não superestime o que você pode fazer em um ano e não subestime o que você pode fazer em dez.”

Caramba! Um filme começou a passar em minha mente. Na última década eu me casei, tive meu filho Gabriel e me tornei mãe, junto com meu esposo quitamos o nosso apartamento, fui promovida no meu antigo trabalho e me movimentei para a área do meus sonhos (RH). Fui madrinha de casamento, conheci diversos países, me tornei mergulhadora, me especializei, me tornei mediadora de conflitos intra-organizacionais e também educadora desse tema. Ainda li muitos livros, fui a muitos shows, passeei por diversos parques, visitei amigos, fui a happy hours e, por fim, deixei o mundo corporativo e decidi empreender para realizar o meu propósito de vida.

Lembrar de tudo isso me fez perder o fôlego! (e aqui não está registrado nem a metade de tudo que vivi nesta década!).

Nesta jornada, não tive só momentos bons, também passei por momentos muito desafiadores e que me ajudaram a forjar parte do que eu sou hoje, e não posso deixar de reconhecer e registrar que, por conta de todos esses desafios e da incessante busca para encontrar caminhos e alternativas que me ajudassem a superar cada um deles, descobri dois dos temas que tenho me dedicado a estudar bastante, nos últimos tempos: a Neurociência e a Psicologia Positiva. Tive a oportunidade de aprender coisas que nem imaginava e que fizeram muito sentido para mim, e o melhor, tudo com embasamento científico (sou daquelas que gosta muito de conceitos e teorias que estão apoiados em estudos científicos).

Uma das coisas que aprendi e que fez grande diferença neste percurso foi o exercício da gratidão. Eu imagino que você já possa estar cansado(a) de tantos textos e posts falando do assunto, mas gostaria de te contar o quanto foi transformador para mim!

Eu estava passando por um momento muito delicado no trabalho, à época, com dificuldade em alguns relacionamentos chave, me sentindo muito afetada, pouco reconhecida, sobrecarregada, sem apoio, infeliz e à beira de um ataque de nervos. Percebi que eu estava adoecendo.

Como sempre fui inquieta, inconformada e com tendência de me responsabilizar pelas coisas que se passam comigo, comecei uma jornada em busca de alguma alternativa que me ajudasse a superar aquele cenário.

Entre tantas coisas que fui fazendo, comprei o livro “O jeito Harvard de ser feliz”, de Shawn Achor, e encontrei lá diversos princípios e exercícios interessantes, porém, um dos que mais me chamou a atenção naquele momento foi o da gratidão e eu resolvi praticá-lo.

No livro, Shawn nos explica que os cientistas estimam que nós só lembramos de uma em cada cem informações que recebemos e, explica ainda, que esta que nos lembramos se deve ao nosso filtro mental que é programado para permitir que somente as informações mais pertinentes cheguem para nós. Acontece como numa caixa de e-mails, o que é importante vem para a caixa de entrada e o restante das mensagens vai parar no spam.

Um exemplo bacana desse nosso filtro, e que talvez você já tenha experimentado, é quando decidimos comprar um carro de uma determinada marca e modelo. Parece que o mundo todo também comprou o carro e ele começa a aparecer com muito mais frequência que antes, em todos os lugares onde estamos. As mulheres, em especial, vivem uma experiência similar quando engravidam. Parece que em todos os lugares que vamos ou estamos todas as outras grávidas estão também.

Isso acontece porque nosso foco está voltado para essas situações e o nosso cérebro está constantemente procurando e se concentrando nelas. Ou seja, enxergamos o que procuramos e deixamos passar o resto. Por este motivo, o nosso cérebro precisa saber o que buscar.

Naturalmente, pela nossa natureza de presa e necessidade de nos proteger e preservar, costumamos buscar pelas coisas negativas. Focamos no que nos fez sentir ameaçados, no que nos gerou desconforto e sofrimento e, com isso, perdemos nossa capacidade criativa, reduzimos nossa motivação e nossa capacidade de agir, gerar resultados e criar soluções e aumentamos o nosso nível de estresse negativo. Quando estamos presos nessa perspectiva negativa da vida (que o autor chama de Efeito Tetris Negativo), literalmente, somos incapazes de enxergar as oportunidades e de nos beneficiar da felicidade, otimismo, gratidão e do bem estar que geram.

Portanto, se queremos cultivar um estilo de vida onde possamos nos sentir mais energizados, tolerantes, capazes de lidar com situações de estresse intenso e superar obstáculos com mais facilidade, precisamos ajudar o nosso cérebro a focar e procurar o positivo nas grandes, mas principalmente, nas pequenas coisas que experimentamos diariamente. Não se trata de excluir o negativo, mas de cultivar um olhar positivo, realista e saudável da vida que nos cerca e que, consciente ou inconscientemente, criamos para nós mesmos.

É aí que o exercício da gratidão entra.

Para exercitar esse olhar positivo, Shawn Achor nos convida a elaborar diariamente, no mesmo local e horário, uma lista com três coisas boas que aconteceram no nosso dia. É importante que sejamos específicos e, quanto mais detalhes pudermos relatar, melhor. Existem variações do exercício, mas essa foi a que achei mais simples e, por isso, escolhi aplicá-la.

No meio de todo aquele cenário desafiador que relatei, comecei o meu caderninho da gratidão e todas as noites escrevia três coisas positivas que aconteceram no meu dia nele: o sorvete de creme que tomei, o almoço com alguém querido, o beijo e o abraço do meu filho, quando eu chegava na escola para buscá-lo, o bom dia especial do meu marido, a pessoa que puxava papo comigo no metrô… no começo foi mais difícil, mas depois de um tempo fazer uma lista com apenas três coisas boas do meu dia começou a ser pouco.

Confesso que, depois de uns dois meses desta prática diária, eu estava diferente, fiquei mais alegre, tolerante, disponível, com a mesma vontade e competência de antes, mas com mais disposição e criatividade. Não sei dizer para vocês exatamente como tudo aconteceu e nem posso afirmar que tudo se resumiu ao caderninho da gratidão, mas o fato é que, com a minha mudança e com a forma mais leve que passei a encarar a vida, as minhas relações ficaram mais fáceis, o reconhecimento chegou, voltei a me sentir mais produtiva, criativa, disposta, feliz e pude contribuir de forma mais efetiva com o bem-estar dos que estavam próximos a mim.

Por isso, neste fim de ano e daqui pra frente, lhe convido a colocar as lentes da gratidão e buscar exercitar esse olhar diariamente. Você vai ver que coisas incríveis podem acontecer!

E você, tem utilizado quais lentes?

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